terça-feira, 27 de novembro de 2012

O que restou

E o amor que era eterno o que virou?
Dobrou a esquina e me deixou
Virou as costas tristes e voou
Rumou pra o infinito eterno que encontrou

E o amor que era belo o que virou?
Um disfarce sorridente plenamente amargurado
Descontente de seus enganos
Fazendo para si mesmo, sozinho, novos planos

E o amor que era solido o que virou?
Uma poça secando ao sol
Uma luz fraca em antigo farol
Uma alegoria da agonia

E o amor que era puro o que virou?
Uma meretriz dizendo ser atriz
Um vingança sórdida e mórbida
Entorpecida de encantos jogada pelos cantos

E o amor que era meu o que restou?
Nada, apenas uma porta escancarada
Um asilo, um abrigo escondido
Um caminho insano perdido.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Sombras no escuro

       -Existia um ser que se movia de um lado para o outro, elá não sabia o que era nem o que fazia, não sabia a força que possuía, ou mesmo o que era força. Esse estranho ser notou que para onde se movia, algo que era completamente o oposto dele movia-se na direção contraria. O outro ser, supostamente contrario, vivia seus dias da mesma forma, sem saber o que era ou o que fazia, sem saber a força que tinha, até que também percebeu que para onde se movia o ser que era seu oposto movia-se na direção contraria. Até que o primeiro ser resolveu se aproximar do segundo, eram tão opostos que se completaram. O primeiro ser perguntou ao segundo o que ele fazia lá, andando de um lado para outro, e por que fugia dele. Sem saber o que dizer o segundo ser repetiu as mesmas palavras, alegando que quem fugia não era ele. A primeiro ser, por alguma razão, parecia ter um lado curioso, indagava muitas coisas e se nomeou Clareza, o outro ser que seguia Clareza desde que se tocaram se nomeou Sombra, a Sombra não tinha capacidade de fazer nada por  si só, dependia de todas as coisas que a Clareza fazia e a imitava. Desse dia em diante a Clareza sabia o que era e conhecia a Sombra que sempre a seguiria.

       A Clareza estava em um lugar iluminado e vivia seus dias em prosperidade mesmo sabendo que a Sombra sempre a seguia e a imitava distorcendo os atos de ambas. Porém não sabiam ao certo onde estavam, foi então que a Clareza decidiu expandir seus conhecimentos novamente, saindo do lugar iluminado onde sempre viveu, ao sair se deparou com um cenário muito contraditório ao que estava acostumada,e a sombra sempre a seguindo, muitos seres habitavam nesse novo lugar, seres que viviam nos ares, na água, na terra, nos bosques e em tudo mais que se pudesse ver. Ela decidiu conviver junto com essas criaturas e mostrar o que sabia para elas, mas para isso teria de entrar dentro dos seres. Ao conversar com as criaturas chamadas animais, a Clareza se apresentou, porém os seres não se mostraram receptivos em recebe-la, isso porque a Sombra era parte dela e teria de entrar junto. A Sombra e Clareza andaram por muitos e muitos lugares tentando achar algum animal que as aceitasse, mas não obtiveram sucesso, até que depois de muito tempo a Clareza se identificou um pequeno ser que observava o mundo com a mesma energia que ela observava sua Sombra tempos antes. Ao se apresentar para a criatura a Clareza foi muito bem recebida, mesmo ao dizer que teria de entra com sua eterna companheira a Sombra ela foi bem-vinda. Dentro da mente do ser que a Clareza chamou de Humano encontrou muitas coisas curiosas e por onde a clareza passava tudo parecia mudar, ela andou por todo o ser dando a ele Consciência. A Consciência se tornou uma grande amiga da Clareza e a Sombra se fez presente novamente, para imita-la criou a Ignorância, e essa quatro forças viveram dentro da mente dos homens.

       Sombra e Ignorância se tornaram grandes aliadas, mas não conseguiam ser tão fortes ou importantes quando suas opostas. Até que a Ignorância resolveu criar a Duvida para o homem, mostrou a eles coisas que a Sombra havia criado pelo mundo, coisas que não possuíam Clareza, mesmo ela sendo mais convincente os homens pareciam sentir-se mais atraído pelo que não conheciam, a Duvida levantou varias questões aos homens que a ouviam muito. E a sombra sempre estava lá observando o homem. Quando o homem olhou sua própria sombra sentiu-se preso a algo que não conhecia, indagou os céus e a terra e nada mais parecia ter Clareza para eles, dentro da mente dos homens a Sombra aumentou, com ela a Ignorância se tornou mais forte. A Clareza e a Consciência se tornaram fracas e pouco ouvidas, cercadas de Sombras e Ignorância elas se calaram e o Homem que sabia que pensando ele existia se tornou uma sombra do que aceitou um dia. A Sombra escureceu as mentes e o mundo, os homens que hoje não conseguem ver nada com Clareza existem como Sombras no escuro.


terça-feira, 13 de novembro de 2012

SONHO

Eu estou indo para onde você me leva
Eu sou um fantasma de quem você é
Estou a caminhando por uma mesma estrada
Eu sou a sombra que te segue
Um sonho
Sonhe comigo
Sonhe que estarei contigo

Faça agora, façamos já
Podemos voar
Quando for o tempo certo
Nós saberemos
Que já passou

Eu estou vendo tudo que desejou
Eu sou de novo o que tínhamos
Estou nascendo por uma mesma razão
Eu sou a sobra do teu sangue
Um sonho
Sonho que se foi
Sonhando comigo e eu contigo

Façamos agora, tudo de novo
Podemos desejar
Quando foi o tempo certo
Nós não sabíamos
Que se passou

Existem/Existem?

Tem alguma coisa errada comigo
Tem alguma coisa errada com você
Tem coisa errada no mundo inteiro
Tem algo errado com o que estão ensinando
Com essa filosofia pobre que circunda o mundo

Matem os bárbaros
Matem os bárbaros
Detonem suas palavras para que se percam
De a eles veneno na aguá

Suas crianças estão aprendendo os bons modos
Sucumbindo em suas paredes lustradas
Tendo uma boa conduta
Escondendo suas lagrimas
Negando sua humanidade
Plastificando seus rostos
Parecendo ainda mais belos

Tem alguma coisa errada comigo?
Tem alguma coisa errada com você?
Tem alguma coisa errada no mundo inteiro?
Tem algo errado no que estão ensinando?
Essa filosofia pobre circunda o mundo?

Matem os bondosos
Matem os bondosos
Suas palavras delicadas cheirando a veneno
Poderosas e gloriosas

Suas crianças estão aprendendo os bons modos?

Novo mundo











Estradas cheias
Mentes vazias
Corações abandonados
Geração se tornando burra
Burrice se tornando mania
E manias de grandeza concretizando realidade

Doce luxuria para alimentar o ego
Inflando o peito para provar
Que o gosto disso
É tão insipido que se dissipa antes que possa senti-lo

Oh meu doce amor
Volte para mim com teu antigo canto
Em campos floridos
Em sombras refrescantes
Em primaveras que encantam

Paz que desejamos e lutamos contra
Crimes que espalhamos pra elimina-los
Ódio para trazer a paz
Uma maneira triste de buscar a felicidade
Liberdade que está presa em palavas
Constituindo um novo mudo vergonhosamente perdido

Oh meu doce amor
Volte para mim com teu antigo fervor
Suas palavras pareciam verdadeiras
E agora o que sobrou de tudo isso?
Não sabemos o que devemos querer
Até que mostrem e possam decidir por nós

Meu triste amor
Você dirá para mim:
Vá para longe

Meu triste amor dirá para você
Vá embora, para longe

Meu doce amor
Volte para mim com seu coração sábio e aberto

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Caminhando por lá

Houve um tempo que me senti jovem
Com ambições tão puras que nem me lembro

Houve um tempo em que não me preocupava com a reputação
Tive verões em que cantei canções que me faziam sorrir
E hoje me pergunto onde esses tempos estão

Se pudesse caminhar pela escuridão de minhas lembranças
Eu me guiaria de volta para luz

Naqueles tempos não havia respeito pelo desprezo
Nem a vontade de me transformar no que não gosto
Vestir uniformes que não cabem em minha mente

Se pudesse caminhar pelo escuro que tem medo
E pudesse transformar tudo em luz
O que estaria escondido por lá?

Solidão


Gotas de chuva lamentando seu cair
Ascendo a lareira e um charuto
Observando o tempo que passa lento,
respingando em minha janela
Frio que me cega de medo,
os dedos cruzados e a fumaça que os cruza
Cinza está o dia, memorias perdidas
e sorrisos que se vão
Cinzas caídas no chão

Tão alto quanto desejo ir
Mais para fora do que para dentro

Vou sussurrar e te esperar
O tempo de uma eternidade para lembrar
E também para esquecer
Que nos trouxe até aqui

Um rio passando silencioso
Navegando em seu esquecimento
Trazendo pedras que brilham para olhos cegos

Um pequeno desejo para saciar a fome
Laços delicados para prender forças
Que desejam a liberdade
A realidade se tornando dura de mais
Para uma alma tão aveludada

Noite entediada dentro de si mesma
Procurando uma estrela para ver seu brilho
Uma lua para lhe iluminar
Gotejando tristezas
Sem lenços para acalmar

Livros contando as mesmas historias
Girando em uma realidade imutável
Felicidade criada para enganar,
para transformar e amenizar
Uma angustiosa solidão