quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Tempo de Lembrar (final)


 
 E de que me servirão tantas lembranças? Apenas para me perder em possibilidades que não aconteceram, apenas para lembrar de quem eu poderia ter sido, ou deixado de ser...? Tudo parecia tão fosco, a luz do dia que antes parecia iluminar minha mente agora havia sumido, ido pra algum lugar que não me permitia entrar, é engraçado como a luz muda as coisas não?


     E eu perdido nos meus conflitos mórbidos, tentando decidir para onde iria daquele momento em diante, todos os meus planos se extinguiram, todas as possibilidades estavam acabadas, sentia como se um vazio enorme tivesse tomado conta do meu interior, ou talvez apenas lembrado que ele sempre esteve lá... "Ele sempre esteve lá", uma frase que eu costuma repetir muito naqueles dias, não posso dizer que foram os últimos dias, pois houveram muitos outros "últimos dias", é tão ruim permitir que as pessoas entrem e se sintam a vontade com você, mas nós nos sentimos ainda mais estranhos quando ninguém está la, não é mesmo? Talvez a nossa própria incapacidade de nos sentirmos felizes por nós mesmos, nos faça refém de uma vontade compulsiva de sempre querer um outro alguém ali, ao nosso lado, para nos dizer o que devemos ou não fazer... 

     Na queles últimos dias as coisas pareciam tão estranhas, como se todas as coisas boas estivessem mescladas as coisas ruins, como se todas tivessem se tornado uma só, se tornado um vulto na realidade, um sentimento de indiferença partindo de olhos que outrora foram tão quentes e receptivos, lagrimas gélidas, olhares densos cortando o ar, como se fossem flechas em tempos de guerra... na verdade era como se fosse uma guerra, uma guerra de sentimentos tristes e macabros... Mas se é tempo de lembrar, é o que faremos, para entender como tudo aconteceu. Tempo de lembrar como deixamos as coisas acontecerem. Pode ser doloroso, ríspido pra nossa mente, para nossa alma lembrar de tudo, mas é hora de deixar o passado para traz...


     Todas as vezes que aquela musica tocar eu vou me lembrar, sentir meu peito peito apertado, minha garganta tremula como se algo gritasse dentro de mim, vou sentir meu coração gelando, me lembrar das duras palavras, eu não posso apagar o passado, não posso mudar o que eu fiz, mas posso me lembrar de tudo, até do que gostaria de esquecer... Mas se eu esquecer posso fazer de novo, e eu sei como é ruim ruim ser ferido, sei como é ruim ferir também... 


     E de cada marca aqui dentro eu vou me lembrar até restem apenas as lembranças para me magoarem, até que sinta ressoar dentro de mim um som fosco, opaco e sem brilho, até que eu veja as sombras cobrindo a luz eu vou guardar aqui, todos os últimos dias da minha minha... todas as minhas ultimas vidas eu irei lembrar! Daqui onde estou eu posso te ver, posso te observar, sendo de novo em alguém uma marca, uma chaga, uma cicatriz, guardo com vividez dentro de mim tudo que me fez de bom, esqueço tudo de ruim, pois foi para mim e para ti... minha vida inteira eu pude lembrar, e por muitas irei carregar o que me ensinou... É tempo de deixar ir, de te ver partir e seguir...


"É tempo de lembrar dessa vida,, como mais uma sombra das outras, e um pilar para minha nova... seja onde for sempre é, Tempo de lembrar".