terça-feira, 19 de julho de 2011

Tempo de lembrar Parte 2

      Naquele dia fazia um pouco de frio, pelo menos para eu fazia. um fim de tarde como o de costume, saindo do meu belíssimo emprego, algo que eu sonhava fazer desde criança, se eu ao menos lembrasse do que gostava quando era criança, ou se soubesse quando fui uma. Nas ruas as pessoas passavam por mim com seus fones altos e cabeças baixas. Alguém atrasado correndo para um lado, alguém preocupado se esgueirando por outro, e alguns solitários mergulhados em sombras de si mesmos, talvez eu fosse um desses, mas não posso saber quem sou, não me vejo pelos olhos de outros, pois hoje em dia é assim que funciona não? Só somos o que os outros pensam de nós, mas o que isso importa realmente, o quanto isso importa para eu ou para você? Eu não sei e você talvez nunca saiba, pois como já disse, você não esta se vendo pelos olhos outro alguém.

      A tarde ia caindo lentamente e as luzes da cidade aos poucos se ascendiam, as cores mudavam, é curioso como a luz muda as coisas não? Por alguma razão eu resolvi mudar o rumo da minha noite, fui a um barzinho da cidade baixa, não me importava qual, apenas queria beber alguma coisa, passar um tempo em algum lugar diferente, mesmo que fosse sozinho, não me importava, era o que tinha de fazer, acho que isso tinha haver com um livro que eu li à algum tempo atrás, aqueles que falam sobre atração mental e tudo mais, algo muito interessante, que as vezes acabamos esquecendo. E por falar em esquecer, como as lembranças são belas, não consigo me imaginar sem elas, fotografias são bonitas, mas ir a algum lugar e ver que continua igual, e ter ele ali na sua memoria, intacto, intocado pelo tempo, não existe nada melhor, por mais que as cores originais não existam mais, e tudo ali tenha findado, em nossas mentes o lugar permanece límpido de qualquer coisa, até mesmo da dor que possa ter seguido por aqueles caminhos. Me sentei já com minha cerveja nas mãos, acendi um cigarro e fiquei la por um tempo, pensando. Peguei na minha mochila um caderno e comecei a rabiscar algo, adoro desenhar, pra mim é mais que um hobby é algo que amo fazer, e sempre o faço. Cada pagina daquele caderno tinha um pouco de mim, da minha mente, e fiquei por um tempo procurando algo para desenhar. Mais uma vez as malditas lembranças, minha tela favorita, minha inspiração, meu ponto de partida, apesar de não tem mais nem uma imagem dele, ali no caderno, eu as tenho as pencas em minha mente, mas desejavas apaga-las, como eu desejava... Então vi alguém entrando, uma taça de vinho, sozinho, ele parecia não estar nem ai para ninguém lá, mas quando aquela linda musica começou a tocar, foi nítido, seu rosto mudou completamente, e eu aproveitei e comecei a rabiscar seu rosto no meu caderno, ele não podia me ver, não enquanto aquela musica tocava, e mesmo que me visse, seria muito difícil que... enfim, fiquei desenhando aquele rosto encantador no meu caderno, talvez algo que me fora dado para lembrar daquele dia.

Continua...

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