sexta-feira, 8 de março de 2013

Dona Maria

Mas a dona Maria não abriu mais a janela
Depois que seu Zé partiu, nem a luz da rua se ascendeu
Coitada da dona Maria, sozinha mulhézinha sofrida
Corria de um lado pro outro
Do Inverno de volta pro outono
E seu Zé o que fez? Deu no pé.

Até a hortinha de dona Maria secou, os tomatinhos murchos
Temperinho verde ta amarelo de sede
Coitada da dona Maria, mulher dedicada pouco amada
Deve ta tristinha chorando desolada
Bordando vestido preto de véu roxo
Esperando seu Zé aparecer de novo

Essas horas da manha já se via dona Maria
Subindo pra padaria pegar pão novinho pro café
Coitada dona Maria, lavava e passava pro homem
Cozinhava com o toque de anjo, cheiro bom sentia de longe
A cachorrada ficava alvoroçada com a sobra do almoço
E seu Zé maldoso se foi que nem espoleta em São João

Mas que estranho, não pode ser...
Quem vem descendo a ladeira com sandalha na mão?
Dona Maria?! Voltando de bailão?
Sorrindo dançando sozinha
O Dona Maria quem diria!
Que seus Zé que pranto que nada!

Dona Maria é mulher
É linda, é livre, é divina,
Dona Maria é canção, é prosa,
 É festa, é brilho de noite,
É vida!


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